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A contribuição única da civilização minóica para a arquitetura européia é provavelmente mais evidente nas grandes estruturas palacianas dos principais centros minóicos de Cnossos, Faestos, Mallia e Zacros.
Talvez influenciados pelo Egito e pelo Oriente Próximo, e evoluindo a partir dos túmulos monumentais do período anterior, estes edifícios magníficos, construídos entre 2000 e 1500 a.C., eram tão complexos e pioneiros nos seus padrões arquitetônicos que podem até ter sido a fonte original do mito do Labirinto, tal teria sido seu efeito sobre um visitante casual.
Embora a palavra "palácio" seja comumente usada para se referir a esses centros minóicos, é preciso ter cuidado com conotações modernas como centro de poder "político" e "centralizado" que a palavra "palácio" implica.
Os complexos minóicos eram grandes e bem equipados, incluíam grandes áreas públicas e possuíam extensos depósitos para armazenamento, mas a evidência arqueológica não é, no momento, suficientemente conclusiva para afirmar definitivamente que esses palácios eram a sede de um governo central, seja ele religioso ou político.
No entanto, é possível dizer que a presença de um grande número de selos, tabletes, vasos de armazenamento e ânforas, além do espaço dedicado ao armazenamento (mais de um terço do local) sugira que os palácios eram o centro de uma rede de comércio centralizado, tanto localmente como no estrangeiro. Além disso, o tamanho e o esplendor dos edifícios sugeririam a necessidade de uma certa organização centralizada de planejamento, artesãos e materiais.
A característica mais marcante dos palácios é o seu tamanho monumental, cobrindo vários milhares de metros quadrados. Também impressionante é a altura deles; alcançando quatro andares em algumas partes.
Outra característica era a relativa pequenez dos quartos individuais dentro do palácio. Estas salas eram muitas vezes multifuncionais, funcionando como corredores, entradas e saídas, áreas de passagens ou como poços de luz, outra inovação minoana.
Infelizmente, a escassez de achados arqueológicos tornou difícil determinar a função exata de muitos desses quartos. Por exemplo, com relação as pequenas salas afundadas ou "bacias lustrais", que eram salas que estavam abaixo do nível do chão e eram alcançadas por uma escadaria em forma de L, à sua função original ainda é muito discutida.
A presença de chifres sagrados pelo palácio pode sugerir um propósito ritual, mas ainda faltam provas mais definidas.
As salas dos palácios, fechadas ou abertas por meio de portas de madeira que poderiam ser colocadas em recessos nas paredes, podiam ser dispostas de muitas maneiras diferentes. Este layout labiríntico foi aumentado talvez pela natureza evolutiva do desenvolvimento do palácio, construído do centro para o exterior.
Um efeito adicional disso foi que o visitante teria que dar muitas voltas ao redor do palácio antes de finalmente chegar ao impressionante pátio central, o ponto principal de todo o complexo, construído em uma proporação maior e orientado de norte a sul.
Apesar do layout estrutural aparentemente aleatório e confuso, é possível observar algum grau de estrutura repetitiva e organizacional nos diferentes palácios. As alas leste e oeste geralmente continham grandes salões, e os quartos menores e às vezes afundados estavam frequentemente próximos a áreas de armazenamento, que costumavam ficar na ala oeste.
Os poços de luz geralmente ficavam de um lado das salas menores e no centro das salas mais longas e retangulares. Havia sempre entradas principais e secundárias, e um salão com colunas na ala norte. Em contraste, algumas características são exclusivas de alguns palácios, por exemplo, a "sala do trono" só existia em Cnossos, e em Zacros havia piscinas de pedras circulares.
Os materiais utilizados para a construção eram blocos de arenito e calcário, retirados de pedreiras locais, com traves de madeira, também era adicionado entulho, talvez, para tornar o prédio resistente à atividades sísmicas. Uma grande pátio ocidental também é comum aos palácios, e estes eram geralmente pavimentados com lajes de calcário.
Escadas, batentes das portas, e em alguns quartos, bancos, pisos (com reboco vermelho ou branco nos interstícios) e, às vezes, as partes inferiores das paredes também eram feitas com gesso. Os telhados eram sempre planos e construídos com vigas de madeira.
A decoração dos edifícios incluíam esculturas de pedra, particularmente, chifres de consagração. As paredes eram pintadas, às vezes com afrescos, estucadas ou folheadas com madeira.
Grandes áreas com colunas também eram um recurso tipicamente minoano. Os pilares de madeira eram pintados de vermelho ou preto, e eram normalmente torras viradas com o lado mais fino para baixo.
No topo delas, frequentemente eram colocadas uma caixa estilizada com capitéis de madeira redondos simples pretos ou vermelhos. Essas colunas, e outras colunas de pedra mais simples, foram usados não apenas para suportar o peso do teto, mas para dividir espaços, permitindo a entrada de luz e ar, além de seu efeito estético.
Outra característica inovadora dos palácios eram seus complexos sistemas de drenagem. Estes tomavam a forma de canais de pedra, bacias de decantação, tubos de barro sob o piso e telhas de barro em forma de u, muitas vezes incorporando canais e curvas para retardar a descida da água e evitar respingos.
Em resumo, podesse dizer que os palácios minóicos, com suas colunatas, pátios centrais, uso imaginativo do espaço e esplendor geral, estabeleceram o plano para futuras civilizações do mar Egeu, em particular os micênicos e gregos, que incorporariam muitas dessas características em sua própria arquitetura monumental.
Tradução de texto escrito por Mark Cartwright
Maio de 2012
Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.
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