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Entradas e Bandeiras

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Capa do livro Entradas e Bandeiras, de Luiza Rios Ricci Volpato
Informações técnicas

Autor: Luiza Rios Ricci Volpato
Coleção: História Popular
Páginas: 120
Editora: Global
Ano da edição: 2000
Idioma: Português

Sinopse

Heróis da nacionalidade ou bandidos caçadores de índios? Exaltados ou condenados sumariamente, os bandeirantes poucas vezes têm recebido estudos sérios e competentes como este, escrito em linguagem simples e objetiva.

Historiador
Luiza Rios Ricci Volpato

Historiadora. Possui doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1991). Atualmente é Professora Adjunta IV da Universidade Federal de Mato Grosso. É autora dos livros A Conquista da Terra no Universo da Pobreza e Entradas e Bandeiras.

Análise do livro
4/5 BOM

Entradas e Bandeiras é o segundo livro da coleção História Popular, que trata de temas da história do Brasil. Embora curto (o livro tem apenas 118 páginas), o trabalho da historiadora Luiza Volpato é uma excelente contribuição para o tema, e uma ótima porta de entrada para os interessados no tema do Bandeirismo, e na expansão dos portugueses nos dois primeiros séculos do período colonial brasileiro.

Nas palavras da própria autora, o livro tem "o objetivo de recuperar o bandeirante como um homem comum de seu tempo." Então ao longo de sua obra são refutadas as ideias de que o bandeirante seria um herói, mas a autora também não os vê como vilões. Eles eram homens que refletiam a moralidade e as necessidades de seu tempo e de sua região. A violência dos bandeirantes é retratada como um reflexo da violência que imperava na vida dos primeiros colonizadores: a constante luta com um ambiente hostil, com animais selvagens e com as populações nativas, muitas delas violentas.

Segundo a autora, o bandeirante surge com a necessidade dos colonos paulistas de atender a carência de mão-de-obra de uma economia voltada para a subsistência, que foi gradativamente sendo ignorada pela metrópole em favor do centro econômico da época, o nordeste. Em seu primeiro capítulo, o livro mostra o início do processo de colonização com a fundação de São Vicente no litoral paulista e narra as difíceis situações vividas pelos primeiros colonos.

A marcha para o sertão, trabalhada no segundo capítulo, surge como solução para resolver o problema da mão-de-obra através da escravidão indígena, que já vinha sendo utilizada desde o início, quando os prisioneiros de guerra indígenas eram escravizados após serem derrotados pelos colonizadores. O que contribuiu muito como estimulo para os bandeiras, foi a situação política portuguesa no século 16 e 17 com a União Ibérica e as guerras contra a Holanda. Tudo isso é explicado pela autora com suficientes detalhes.

No capítulo 3, os bandeiras são mostrados como uma importante força paramilitar da colônia, que contribuiu não só para o mantenimento das colônias paulistas, mas também desempenhou um papel fundamental na defesa de ataques corsários e piratas que foram comuns nos primeiros séculos da colonização. O apoio da Coroa aos bandeiras acontecia através da concessão de títulos e graças que inflavam o ego dos paulistas e traziam status social, além da entrega de cargos que costumavam ser acompanhadas de boas pensões.

Os detalhes da organização de uma bandeira, sua ordem política e seus investidores (armeiros) são discutidos no capítulo quatro. A autora rebate a ideia da democracia presente nas bandeiras, mostrando que em sua organização essas expedições tinham uma cadeia de comando similar a militar, com líderes bem definidos e ordens que deveriam ser cumpridas sem contestação.

A alimentação, as doenças, o vestuário, a visão religiosa e a violência sexual das expedições são trabalhadas com riqueza de detalhes no capítulo cinco. A partir daí a autora também fala sobre os diversos conflitos entre bandeiras e jesuítas que ocorreram ao longo do século 17 nos territórios portugueses e espanhóis, e como os bandeiras agiram como uma força de expansão das fronteiras portuguesas ao mesmo tempo que continham o avanço dos colonos espanhóis.

A descoberta do ouro nas Minas no final do século 17 e o ciclo do ouro no século 18 são o tema do capítulo final.  A autora faz uma descrição rápida da forma como a grande imigração, que ocorreu na colônia, levou a um conflito inevitável entre os paulistas e os estrangeiros: a guerra dos Emboabas. O conflito é citado apenas rapidamente. Com a derrota dos paulistas, as bandeiras seguiram desbravando o atual centro-oeste brasileiro, chegando até as minas do atual Mato Grosso e Goiás.

Ao final do livro a autora também traz um trecho da obra "Raposo Tavares e sua época"(1944) de Alfredo Ellis Júnior, que trata da partida da expedição de Raposo Tavares em 1628/1629, seu acampamento, e o ataque a redução jesuítica de Santo Antônio em 30/01/1629 além do ataque à outras reduções. Dando mais detalhes da violência do processo e a reação dos índios e padres diante dos ataques.

Esse é definitivamente um livro que recomendo aos estudantes e apaixonados por história. Todos aqueles que quiserem ter uma excelente visão geral sobre os bandeiras e sobre a escravidão indígena no Brasil colônia.

A imagem de capa mostra um recorte do Monumento às Bandeiras, localizado na entrada do Parque Ibirapuera, em São Paulo.

Obra do escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret inauguada em 1954. A obra possui 44 metros de largura. Foto registrada em 2014. Via Wikimedia Commons.

Esse livro também pode ser encontrado em uma versão diferente (mais antiga), com a seguinte capa:

Resenha escrita em 09/08/2018.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

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