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O regime militar brasileiro: 1964-1985

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Capa do livro O regime militar brasileiro: 1964-1985, de Marcos Napolitano
Informações técnicas

Autor: Marcos Napolitano
Coleção: Discutindo a História do Brasil
Páginas: 108
Editora: Atual
Primeira publicação: 1998
Ano da edição: 2000
Idioma: Português

Sinopse

Discutindo a história do brasil é uma coleção que tem por objetivo apresentar ao leitor um amplo painel do nosso passado. A variedade de temas - desenvolvidos por diferentes autores e nem sempre com mesmos enfoques - possibilita a estudantes e professores uma reflexão crítica do processo histórico e de suas abordagens.

Historiador
Marcos Napolitano

Doutor (1999) e mestre (1994) em História Social pela Universidade de São Paulo, onde também graduou-se em História (1985). Foi professor no Departamento de História da Universidade Federal do Paraná (Curitiba), entre 1994 e 2004,e professor visitante do Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL) da Universidade de Paris III (2009). Atualmente, é professor de História do Brasil Independente e docente-orientador no Programa de História Social da USP. Especialista no período do Brasil Republicano, com ênfase no regime militar, e na área de história da cultura, com ênfase nas relações entre históira e música popular e história e cinema.

Análise do livro
3/5 REGULAR

NAPOLITANO, Marcos. O regime militar brasileiro: 1964-1985. São Paulo: Atual, 2000.

O regime militar brasileiro é uma obra escrita pelo historiador Marcos Napolitano. Essa é uma versão simplicada de uma obra mais longa que o autor possui, intitulada 1964: História do Regime Militar Brasileiro. A presente obra faz parte da famosa coleção Discutindo a História do Brasil, que apresenta livros introdutórios para o público universitário.

Essa obra apresenta um panorama geral do regime militar desde o golpe de 1964 até a eleição de Tancredo e Sarney em 1985. Mas é imporante dizer que esse não é tanto um livro sobre o regime militar em si, mas um livro sobre a resistência a ditadura, com detalhes sobre o regime sendo citados apenas como forma de explicar os motivos da resistência e não como fins em si mesmo.

Me irrita um pouco o fato de que boa parte dos livros sobre a ditadura militar são menos preocupados em “ser um livro de história” e mais em fazer propaganda a favor da democracia e dos ideais e valores de quem os escreve. Sempre quando há uma preocupação maior em deixar bem claro que algo foi ruim ou um determinado grupo de pessoas foi malvada, a história perde com isso, porque o historiador não é um supremo julgador do processo histórico, ele é um apresentador de evidências. Cabe ao leitor julgar com as evidências apresentadas. Esse livro se preocupa demais em defender a democracia e demonizar o regime militar, e nesses tópicos ele se torna extremamente repetitivo.

A repressão não foi o fim último do regime, foi um meio para algo. A violência tinha por objetivo garantir que uma determinada política econômica fosse mantida. Na minha visão, esse deveria ser o foco de uma obra introdutória sobre o tema. A repressão foi terrível, mas historicamente foi incidental. Assim como a própria resistência. Nenhum modelo político ou econômico se mantém sem a passividade da imensa maioria da população, e essa passividade e os meios usados para consegui-la (diga-se propaganda e política econômica) são mais interessantes do que os movimentos de rebeldia, que representaram uma pequena porcentagem da população.

Eu não sou um defensor das barbaridades promovidas nos porões da ditadura, muito pelo contrário. Minha crítica realmente é com relação a um foco exagerado na questão da resistência. Como estudande de história eu gostaria de ter visto outros tópicos sendo discutidos, tais como:

  • detalhes sobre a política interna entre os militares (confronto entre castelistas e linha dura)
  • informações sobre os grandes projetos de infraestrutura
  • detalhes sobre o avanço industrial nesse período
  • informações sobre a propaganda do regime
  • informações sobre a vida da maioria das pessoas, que não faziam parte da resistência
  • detalhes sobre relação com outros países, especialmente EUA, a Operação Condor e a cooperação com outras ditaduras sul-americanas


É claro que há de se levar em conta os limites da coleção, que se propõe a apresentar textos de até 100 páginas, que de qualquer forma sempre seriam meras introduções. Mas o foco do autor é inegável, e na minha opinião um título mais apropriado para a obra seria “A Resistência ao regime militar brasileiro”.

Outras recomendações

Como já citamos, Marcos Napolitano também é autor de uma obra maior e mais completa sobre o regime, intitulada 1964. Como é possível observar pelo índice da obra, a abordagem segue sendo a mesmo, com um foco maior na questão da resistência. Para aqueles interessados nos aspectos que citei acima, acredito que uma obra mais interessante seja Brasil: De Castelo a Tancredo, de Thomas E. Skidmore, que parece trabalhar uma gama maior de temas sobre o período.

Outro texto introdutório que pode ser mais interessante é o presente na obra Sociedade Brasileira: uma história - Volume 2. O capítulo 9 da obra (pág.629-676) trata da crise do governo Jango e do golpe. E nas páginas 677-802 há um resumo do regime militar entre 1964 e 1985. O autor desse livro também é um grande crítico dos abusos cometidos pelo regime e da sua política econômica desastrosa, mas consegue fazer isso ao mesmo tempo em que trabalha uma gama maior de conteúdos. Além disso essa também é uma obra de leitura muito agradável.

Resenha escrita em 28/04/2022.

Foto do membro da equipe: Moacir Führ
Escrita por Moacir Führ

Moacir tem 36 anos e nasceu em Porto Alegre/RS. É graduado em História pela ULBRA (2008-12) e é o criador e mantenedor do site Apaixonados por História desde 2018.

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